Partnership - Promova seus colaboradores a sócios do seu escritório

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Gestão Contábil

Partnership – Veja como e porque promover seus colaboradores a sócios do seu escritório

24 janeiro 2023 SALVAR
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Em 2020, a Gallup mostrou em seu relatório que apenas 20% dos colaboradores se sentem engajados ao trabalhar seguindo uma estrutura piramidal, com os donos no topo, gestores no meio e eles pertencendo somente à base. Para piorar essa situação, de acordo com a Robert Half, em 2021, o Brasil teve o pior aumento no índice de turnover dos últimos anos. Enquanto a média global ficou em 38%, aqui o percentual foi de 82%. Com isso, se observarmos as 2 pesquisas juntas, é possível constatar que 82% dos seus colaboradores irão deixar seu escritório por algum motivo. Dentre esse percentual, muito provavelmente estarão aqueles 20% que ainda se mostram engajados. Por isso, é essencial ter em seu escritório boas estratégias de retenção de talentos. Caso contrário, o risco de perder seus principais colaboradores é altíssimo, o que coloca todo o resultado da sua empresa em perigo. Nesse cenário, o modelo de Partnership não entra apenas como uma excelente estratégia de retenção, mas também como modelo de desenvolvimento e crescimento para ambos, você e seus colaboradores.

Quer entender melhor esse modelo de gestão e aprender a aplicá-lo em seu negócio? Então, continue lendo!

O que é Partnership?

Adotado por centenas de empresas ao redor do mundo, o Partnership, que em tradução literal significa “parceria”, é o nome dado ao modelo organizacional no qual determinados profissionais de uma empresa deixam o posto de colaboradores e passam a ocupar o de sócios. Isso, desde que cumpram requisitos específicos e consigam entregar resultados pré-definidos.

Esse modelo representa uma forma diferente de trabalho que não envolve relação de emprego comum como a CLT, Contrato de Pessoa Jurídica ou Terceirização do colaborador. Na verdade, a gestão Partnership traz, de maneira literal, o colaborador para dentro da sociedade do negócio, com o intuito de aumentar o engajamento, incentivar a formação e fortalecer a cultura da empresa.

No entanto, diferente das sociedades normais nas quais o sócio precisa contribuir com um valor para receber uma porcentagem do negócio, aqui o colaborador entra com a responsabilidade de cumprir metas e objetivos pré-definidos. Além disso, sua participação nos lucros pode ser pequeníssima, até inferior a 1%, com chances de aumento conforme gradativo conforme a sua colaboração no cumprimento das metas da empresa.

A gestão Partnership também recompensa e incentiva aquele colaborador que se dedicou e contribuiu com o crescimento do negócio. Mas, além do fator de reconhecimento, o programa traz excelentes resultados quando o objetivo é a retenção de talentos.

Isso porque, ao contratar colaboradores, a empresa investe na sua formação, seja com cursos, treinamentos, ou experiências e, mesmo assim, podem acabar perdendo-o para o mercado antes de colher esses frutos. No entanto, a oferta desses benefícios, somados à possibilidade de integrar o quadro de sócios, contribui de forma mais assertiva para que ele permaneça e faça carreira no escritório.

Ainda, quando bem aplicada, a gestão Partnership pode representar muito mais do que apenas um modelo societário. Negócios que seguem por esse caminho passam por transformações profundas e se beneficiam de seus efeitos positivos no médio e longo prazo, como:

  • Atração de talentos assertivos;
  • Manutenção de uma estrutura organizacional enxuta e eficiente em termos de custos;
  • Resultados e entregas acima da média;
  • Aumento da cultura de trabalho em equipe;
  • Melhora da sinergia de interesses entre sócios e negócios;
  • Maiores níveis de engajamento;

Qual a diferença entre a gestão Partnership e a sociedade comum?

As empresas que adotam o modelo de sociedade pela gestão Partnership, em regra, dividem o seu capital social em dois blocos:

  • Blocos de controle e blocos de cotas (para sociedades limitadas);
  • Ou ações (para sociedades anônimas).

Esses blocos são especificamente destinados à distribuição de lucros e responsabilidades entre os colaboradores participantes do modelo Partnership e sócios que já estavam no negócio.

O bloco de controle, refere-se à participação do capital social pertencente aos sócios majoritários e fundadores do escritório que participam diretamente do risco da operação e, por isso, detém percentuais maiores da sociedade. Esses sócios, também controlam todas as decisões e caminhos do negócio.

Já o bloco de cotas ou ações é destinado a gestão Partnership e representa apenas uma parcela, bastante reduzida, do capital social do escritório. Além disso, embora os colaboradores tenham o direito de participar das decisões da empresa, esses não possuem o poder de alterá-las.

Sendo um pouco mais prática, nesse modelo de sociedade, considera-se uma proporção razoável a distribuição de, no mínimo, 90% do capital da empresa ao bloco de controle e 10% aos sócios via Partnership. No entanto, como citei anteriormente, os participantes do Partnership podem ter cotas equivalentes a 1%, 0,5%, ou 0,1% desse capital. A decisão de quanto será esse percentual é sua e dos sócios majoritários. Inclusive, nada impede que o colaborador que tem um desempenho excelente como sócio Partnership, se torne um sócio majoritário.

O ponto aqui é deixar claro que a estrutura da sociedade que suporta um modelo de governança de Partnership é essencialmente diferente da estrutura de uma sociedade comum. Inclusive, essa definição e entendimento são o ponto de partida para a criação de estratégias e regras sob as quais será regido o sistema.

Como aplicar o modelo partnership em seu escritório?

Agora que você compreendeu o que é a gestão Partnership, seus benefícios e suas diferenças em relação à sociedade comum, vamos ver na prática como funciona a aplicação dessa estratégia? Já digo que, apesar de parecer complexa, sua execução é mais simples do que você pode imaginar.

Acompanhe comigo!

1- Faça um alinhamento com seus sócios

O primeiro passo para colocar o Partnership em prática é, sem dúvidas, entender e alinhar as expectativas, pensamentos e sentimentos dos seus atuais sócios em relação ao programa. Afinal, para que tudo aconteça da maneira certa, é importante que todos estejam de acordo e tenham clareza sobre esse novo modelo de sociedade. Portanto, não pule esse passo!

Para o alinhamento, diversas questões devem ser discutidas, mas, em especial, indico que no mínimo 4 pontos sejam abordados:

  • Os sócios estão dispostos a pulverizar o capital da sociedade?
  • Eles enxergam esse modelo como competitivo?
  • Como será a administração dos limites, peso e influência de cada um em momentos de discussões e tomadas de decisão relevantes?
  • Todos estão dispostos a ceder quando for necessário?

Uma boa dica aqui é compartilhar esse artigo com eles, para que todos entendam o potencial dessa estratégia, seus benefícios e funcionamento. Somente com um entendimento completo do Partnership é possível decidir se ele faz sentido ou não para eles.

2- Defina os critérios

Com os sócios de acordo, o próximo passo da implantação do Partnership é definir quais serão os critérios de escolha dos colaboradores. Ou seja, quais skills, hards ou softs, esse profissional precisa apresentar para participar do Partnership?

Para te ajudar nessa busca, abaixo eu deixo algumas opções:

Soft Skills:

  • Mesmos objetivos: É importante que o colaborador Partnership compartilhe dos mesmos objetivos empresariais e éticos que você, seu escritório e demais sócios.
  • Complementar o que falta em você: Se você não tem determinado conhecimento, não domina certa área ou não possui certa característica essencial para o seu negócio, encontre um colaborador que complemente você com essa característica.
  • Boa convivência: Já pensou em como deve ser ruim compartilhar suas decisões e todo período que você passa na empresa com uma pessoa que você não se entende ou que tem um perfil de difícil convivência? Considerar o currículo profissional do colaborador é essencial, mas vale lembrar que, em muitas ocasiões, a boa convivência é tão relevante quanto.
  • Escuta ativa: Saber ouvir feedbacks é, sem dúvida, uma habilidade muito importante, já que uma sociedade sempre envolve visões, planos e pessoas com comportamentos diferentes. Por isso, na hora de escolher o colaborador, procure alguém que você possa dizer o que sente sobre o negócio, que saiba ouvir feedbacks e, mais do que isso, devolver pontos de desenvolvimento importantes.
  • Não ter medo de você: É necessário que seu colaborador não tenha medo de se comunicar e discordar de você. Afinal, faz parte do dia a dia de um sócio saber expor e defender seu ponto de vista e suas opiniões.

Hard Skills:

  • Conhecer muito bem os serviços do escritório: É essencial que o colaborador conheça bem os serviços oferecidos pelo escritório e entenda como eles operam dentro do negócio. Assim ele poderá sugerir melhorias mais assertivas e contribuir de forma otimizada nas decisões.
  • Reconhecer quem é a persona do seu escritório: Essa característica é fundamental para um partnership. Assim, ele poderia ajudar na criação de serviços que realmente atendam a demanda do seu escritório.
  • Ser analítico: Entender como funcionam os dados, de onde eles vêm e para que eles servem, também ajudam o colaborador a contribuir de forma muito mais objetiva nas decisões do negócio.
  • Estar atento às inovações: Com essa característica ele poderá trazer tecnologias essenciais para a melhoria do seu negócio.

Claro que o colaborador escolhido para o Partnership não, necessariamente, precisa ter todas essas características, mas é importante que ele possua, pelo menos, alguma delas.

Para descobrir isso, é interessante aplicar atividades que te ajudem a coletar esses dados, como. Assim, você terá insumos importantes para começar sua escolha.

3- Defina quais serão as métricas de avaliação

Características definidas, agora é importante determinar quais métricas seu colaborador precisa atender para ser um Partnership.

Ter um tempo de resposta de 1 minuto? Trazer duas melhorias por trimestre? Ter uma avaliação de atendimento 90% positiva?

Independente das métricas que você escolher, é importante que elas existam, pois geram um incentivo imediato nos colaboradores no médio e longo prazo. Além disso, as metas dão ao colaborador mais previsibilidade, o que é importante para que o foco continue sendo mantido ao longo desse caminho.

Portanto, reúna-se com seu time de sócios e análise com eles quais métricas esses colaboradores precisam atingir e como elas serão medidas.

4- Resolva as questões burocráticas

Parte de pessoas resolvida? Agora vamos colocar algumas questões burocráticas em ordem. Afinal, mais um sócio será adicionado ao quadro da empresa e alguns procedimentos legais devem ser organizados para recebê-lo de forma segura.

Contrato Social

O primeiro documento que deve ser atualizado é o contrato social do escritório. Nele você deve verificar questões, como:

  • Atribuições e obrigações específicas de cada sócio;
  • Direito de preferência;
  • Cláusulas de opção de compra e de venda de cotas;
  • Regras e parâmetros para valuation da sociedade;
  • Regras para distribuição dos lucros e exclusão de sócios minoritários de maneira extrajudicial;
  • Cláusulas de não-competição e não-solicitação.

Nessas cláusulas é importante que você adicione as atribuições, preferências e pontos sobre o Partnership que considera importantes para o modelo.

Contrato Vesting

O Vesting é o contrato pelo qual o seu colaborador irá formalizar a participação dele como sócio da empresa, por determinado tempo, mediante o cumprimento das metas previamente estabelecidas no tópico anterior. Ou seja, esse documento tem como objetivo formalizar a sociedade Partnership.

É importante que nele tudo seja expresso de forma clara e objetiva, sem termos genéricos que possam causar dúvidas ao colaborador.

Acordo de confidencialidade

Como agora o colaborador terá acesso a informações sensíveis do escritório, ter um acordo de confidencialidade garante que ambas as partes não poderão revelar nem compartilhar informações que lhes são confiadas. Assim, o objetivo do acordo de confidencialidade, no contexto do modelo partnership, é basicamente proteger as informações da sua empresa. Ele pode ser formalizado por meio de uma cláusula específica no contrato Vesting, ou em um instrumento separado.

Este tipo de acordo não só traz segurança para o escritório, como também para o próprio colaborador que se tornará sócio. Afinal, tendo a empresa a segurança de que suas informações ficarão protegidas, se sentirá mais a vontade de compartilhá-las com os sócios, e, conhecendo-as, esse futuro sócio passa a ter a segurança de saber onde está pisando também.

Um ponto importante é que, assim como Vesting, as cláusulas do contrato de confidencialidade não devem deixar dúvidas sobre o que pode e o que não pode ser dito pelo colaborador. Devem-se detalhar, por exemplo, quais são as informações consideradas como confidenciais, como esse compartilhamento será feito, em que concernem às obrigações das partes quanto à proteção dessas informações, quais serão os limites à confidencialidade, qual será a consequência do descumprimento, dentre outros fatores.

5- Desenhe o Plano Modelo Partnership

Com todas as questões acima definidas, você deve passar todas elas para um documento, redigido de forma simples, clara e objetiva.

Nesse documento, chamado de Plano Modelo Partnership, cada capítulo será dedicado a explicar um dos tópicos acima aos colaboradores.

É imprescindível que se aborde também as condições que serão utilizadas para convidar o colaborador a fazer parte da sociedade e o percentual para identificar o valor que será pago pela participação.

Outro ponto que não abordamos aqui, mas que merece um lugar nesse plano, são os critérios de exclusão do sócio Partnership. Afinal, por mais que ele tenha alcançado as metas definidas para fazer parte do programa, pode ser que, em algum momento da jornada, isso deixe de acontecer. Portanto, é essencial ter essa definição bem clara no documento.

6- Alinhe tudo com a sua equipe

Por fim, chegou o momento de compartilhar tudo isso com seus colaboradores. E esse alinhamento pode ser um dos pontos mais complexos da gestão Partnership.

Isso porque, é comum que não fique claro para eles a importância e o valor de se ter um percentual societário em seu escritório. Eles podem compreender que, apesar dos benefícios do Partnership, as responsabilidades são muito maiores, bem como o sentimento de insegurança, dando a entender ser mais interessante receber uma boa PLR e não ter participação nenhuma na sociedade.

Portanto, é indispensável deixar claro, se possível com exemplos de outras empresas e com boas rodadas de perguntas e respostas, o valor em se participar de uma sociedade que cresce em ritmo acelerado, como habitualmente é um escritório contábil.

Dúvidas frequentes do Partnership

É possível que você ainda tenha dúvidas sobre esse modelo. Por isso, antes de concluir esse artigo, vou deixar algumas respostas que podem ajudar você a sanar essas questões.

Veja:

Colaborador virou sócio e deixou de cumprir suas metas. É possível excluí-lo da sociedade? Sim. Por isso é importante ter um plano bem definido, com regras escritas em contratos e a possibilidade de recompra das ações, bem como a possibilidade de retirada do sócio.

Perder o controle da empresa por conta do partnership, é uma possibilidade? Pode, mas, somente se você deixar as questões burocráticas que eu ensino aqui por fazer.

Colaborador pode vender a porcentagem dele para outra pessoa? Depende se você não deixar isso claro em contrato, ele pode sim.

Colaborador recebeu as quotas e já quer sair da empresa. Ele pode? Existe a possibilidade adicionar ao contrato um adendo estabelecendo o prazo mínimo de permanência.

Pronto! Espero agora ter esclarecido tudo sobre a gestão Partnership.

Pronto para dividir sociedade com seus colaboradores partnership?

Como você viu, investir na gestão Partnership, não só ajuda na retenção de talentos, como dá ao seu escritório a vantagem de ter um profissional na linha de frente como parte do seu grupo societário. Isso garante a você, e aos demais sócios, acesso a uma visão única da sua operação e do seu cliente, algo que um modelo de gestão tradicional não ofereceria.

Então, bora dar mais esse passo rumo ao crescimento do seu escritório? 

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